Avaliação de Impacto Social do Programa abem:
A partir das mudanças identificadas, e usando o modelo lógico da Teoria da Mudança, foram analisados os contributos do Programa abem: para estas mudanças, o que permitiu definir indicadores de análise para identificar os principais impactos do Programa.
O primeiro passo para a avaliação de impacto do Programa abem: foi uma consulta alargada ao conjunto de intervenientes identificado como mais relevante. Os dados usados têm origem em diferentes fontes: Consulta (986 respostas a questionários, 15 entrevistas, 3 focus group com um total de 13 pessoas); Dados Dignitude (estudos, análises anteriores, registos de doadores, beneficiários, voluntários); Dados oficiais (INE, Pordata, CEFAR, One Value, IGFSS, IMS Abbvie, OMS, OCDE)
Foram utilizadas diferentes metodologias de análise para a definição e interpretação dos indicadores, tendo em conta a relevância de combinar informação quantitativa com dados qualitativos. A análise qualitativa orientou sobretudo a definição das mudanças e das hipóteses de impacto (contributo do programa). A análise quantitativa permite ter uma noção clara sobre os números da mudança, para quantas pessoas ela acontece e em que medida.
Objetivos
Compreender a dinâmica e o alcance das mudanças geradas pela atuação do Programa abem: segundo a perspetiva de todos os stakeholders
Medir e monitorizar a eficiência da criação de valor social gerado, tendo em conta todos os recursos consumidos
Obter evidências concretas que suportem a angariação de fundos e permitam a sustentabilidade financeira
Avaliar o contributo do abem: para os objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)
Impactos
Saúde
Melhoria da condição de saúde dos beneficiários, através do cumprimento da terapêutica possibilitado pela aquisição da medicação necessária.
61% para 5%
A percentagem de beneficiários que nem sempre compra os medicamentos prescritos pelo médico passa de 61% para 5% depois de terem o cartão abem (estima-se que estes 5% correspondem a medicamentos não comparticipados pelo Estado e não estão abrangidos pelo Programa abem:).
10.902
Beneficiários consideram terem melhorado o seu estado de saúde desde que têm o cartão abem:.
10.234
Consideram a melhoria da saúde como sendo um dos aspetos mais importantes associados ao cartão.
Qualidade de Vida
Melhoria da qualidade de vida dos beneficiários ao evitar o corte noutras despesas essenciais para fazer face à aquisição de medicação.
50% para 7%
A percentagem de beneficiários que considera a sua qualidade de vida má ou muito má passa de 50% para 7% depois de terem o cartão abem:.
85% para 14%
A percentagem de beneficiários que deixavam de pagar outras despesas para comprar medicamentos, antes de terem o cartão passou de 85% para 14%.
15.796
Beneficiários conseguem pagar outras despesas desde que têm o cartão.
Inclusão
A acessibilidade ao medicamento que o cartão abem: proporciona é um fator essencial para o aumento do sentimento de inclusão dos beneficiários, que veem também reforçada a sua autonomia.
53%
Dos beneficiários destaca o tratamento digno: Cerca de 11.791 beneficiários identificam o aspeto do tratamento digno como sendo um dos mais importantes associados ao cartão.
6.229
Sem o contributo da Dignitude, cerca de 6.229 pessoas teriam de pedir dinheiro emprestado ou pedir ajuda a familiares.
Reforço do compromisso para com a sociedade.
Aumento do conhecimento sobre a problemática do acesso ao medicamento, conjugado com a oportunidade de contribuir para a sua resolução.
Reforço da ligação à comunidade e melhoria da resposta aos seus beneficiários.
Redução da despesa associada ao não cumprimento da terapêutica
Os dados da OCDE estimam que a fraca adesão terapêutica contribui para perto de 200.000 mortes prematuras todos os anos na Europa, com um custo superior a €125.000 milhões em episódios evitáveis de hospitalizações, urgências e consultas.1
Outros dados referem ainda que a redução de co-pagamentos pelos doentes pode melhorar de forma substancial a sua adesão.2
As consequências do não cumprimento
O não cumprimento da terapêutica representa um risco para as condições de Saúde da população e um custo acrescido para o orçamento da Saúde. Esta não adesão pode acontecer por diversos fatores voluntários e não voluntários.
O contributo abem:
O Programa abem: propõe-se resolver um dos fatores que mais contribui para a não adesão terapêutica: a falta de capacidade económica para aquisição dos medicamentos prescritos.
1 – OECD Health Working Paper No. 105 INVESTING IN MEDICATION ADHERENCE IMPROVES HEALTH OUTCOMES AND HEALTH SYSTEM EFFICIENCY Adherence to medicines for diabetes, hypertension, and hyperlipidaemia Rabia Khan, Karolina Socha-Dietrich).
2 – Morgan & Lee,2017; OECD, 2015; Kesselheim et al, 2015).
Coesão Territorial
Disponibilização do programa em todo o país, garantindo mais equidade no acesso ao medicamento.
O Programa está presente numa área geográfica onde reside cerca de 67,3% do total da população do país.
O Programa está presente em 57,5% dos concelhos nacionais, incluindo na Região Autónoma dos Açores e Região Autónoma da Madeira.
O Programa abem: está presente em 6 dos 10 concelhos nacionais com maior índice de envelhecimento (todos com um índice superior a 548).
O abem: está presente nos 10 concelhos com mais beneficiários do subsídio por doença da Segurança Social.
O abem: está presente em 6 dos 10 concelhos do país com menor nº de médicos / 1.000 habitantes.
O Program marca presença em 5 dos 10 concelhos com maior taxa de desemprego.
Redução da despesa associada a episódios de urgência e internamento
24 milhões
Poupados mais de 24 milhões de euros entre maio de 2016 e dezembro de 2022.
Os custos potencialmente evitados no âmbito do Serviço Nacional de Saúde assumem uma importância muito significativa, sendo possível estimar que apenas em episódios de urgência e internamentos evitados pelo cumprimento das terapêuticas proporcionado pelo Programa abem: Foram poupados mais de 24 milhões de euros entre maio de 2016 e dezembro de 2022.1
711 milhões
Poupança potencial superior a 711 milhões de euros.
Isto significa que, se o Programa abem: chegasse às cerca de 920 mil pessoas que todos os anos em Portugal deixam de comprar os medicamentos de que precisam por não os conseguirem pagar2, com um investimento de 176 milhões de euros seria possível uma poupança potencial superior a 711 milhões de euros em internamentos e episódios de urgência.
1 – 78,1% da comparticipação abem: corresponde a medicamentos para o Sistema nervoso (35,1%), Aparelho cardiovascular (20,5%), Aparelho digestivo e metabolismo (12,2%), Aparelho respiratório (10,3%) (Cefar, 2023)
nº médio anual de visitas às urgências = 70,2 ocorrências / 100 habitantes / ano, Pordata, 2019
Custos hospitalares com base nos valores calculados pela One Value (onevalue.gov.pt) com base em dados fornecidos pela Administração Central do Sistema de Saúde, I.P.
2 – Em 2022, 10% dos portugueses que tomaram medicamentos prescritos (89%) optaram por não comprar algum dos medicamentos devido ao seu custo (Índice de Saúde Sustentável 2022, Abbvie/Nova IMS, 2023)
Redução da despesa associada a subsídios por doença e incapacidade.
Adesão à terapêutica reduz risco de complicações e necessidade de aceder a subsídios
Quantos beneficiários do subsídio por doença ficaram doentes por não cumprirem a sua terapêutica, por dificuldades no acesso ao medicamento?
Quantos beneficiários do subsídio por doença poderiam deixar de o ser se tivessem acesso ao Programa abem: para assegurar as suas necessidades em medicamentos?
Se as pessoas ativas adoecem e se incapacitam menos, menos subsídios são pagos na cobertura destes riscos.
Em 2022, a despesa da Segurança Social com Subsídio de Doença atingiu 535.041.676 € 1
Em 2022 receberam prestações de doença 1.898.186 pessoas 2
1 – II/MTSSS (Prestações por Doença – Estatísticas – seg-social.pt); 760.748 beneficiários x 703,31€ (VM Subsídio no Ano)
2 – II/MTSSS, PORDATA, 20-03-2023, inclui: Subsídio de Doença, Subsídio de Doença Profissional, Subsídio de Tuberculose, Concessão Provisória de Subsídio Doença, Subsídio por Isolamento Profilático Covid (o próprio), Subsídio por Doença Covid, Subsídio por Doença Covid – Profissionais de Saúde; Doença = 760.748 pessoas
Contributo para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)