O homem que conjugava dignidade com solidariedade
25 MAIO
Deixou-nos hoje, fisicamente, um vulto enorme do Portugal democrático. Lutador corajoso pelos ideais da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, evidenciou-se pela entrega da sua vida, no plano político e no plano cívico, à criação e aprofundamento do Serviço Nacional de Saúde, como instituição de acesso e cobertura universais.
A ele ficamos a dever a defesa e proteção do direito à saúde, enquanto direito humano de realização a cargo do Estado, bem como um permanente investimento na capacitação das pessoas através de uma participação cívica muito ativa e até ao fim da sua vida.
Neste âmbito – e sempre tendo em atenção o objetivo de «não deixar ninguém para trás», foi associado fundador da Dignitude e seu Embaixador ativo.
Homem corajoso, coerente, inteligente e sensível, dotado de capacidade de utilização da palavra escrita e falada ao serviço de causas nobres, deixa-nos um legado extraordinário: o Serviço Nacional de Saúde, a mais bem sucedida instituição do Portugal democrático. A melhor forma de honrarmos a sua memória é conseguirmos estar à altura da defesa e aprofundamento desse legado.
Maria de Belém Roseira, coordenadora-geral da Associação Dignitude
Notas biográficas
António Duarte Arnaut nasceu em Penela, Cumieira, em 28 de Janeiro de 1936.
Licenciado em Direito, o histórico socialista integrou o II Governo Constitucional como ministro dos Assuntos Sociais, altura em que terá lançado a primeira pedra para a construção do Serviço Nacional da Saúde, o que lhe valeu o título de “pai do SNS” pelo qual era conhecido.
Marcou, com a sua obra, a democratização dos cuidados de saúde em Portugal, contribuindo para que os mais desfavorecidos tivessem acesso a cuidados de saúde. Na senda dos mesmos princípios, foi um dos fundadores da Associação Dignitude, de que era activo embaixador.
Foi poeta e escritor, com mais de 30 títulos publicados, era presidente honorário do PS desde 2016, Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, e foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade e com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
António Arnaut morreu em Coimbra, tinha 82 anos.